Ao recordar a frase da filantropa americana Mary Woodard Lasker, o professor e diretor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro Roberto Medronho, ao lado da também professora da UFRJ Ligia Bahia, deu o tom de defesa do investimento público nacional em ciência na Aula Inaugural deste segundo semestre de 2019, organizada pela Decania do Centro de Ciências da Saúde no último dia 08 de agosto.
No momento em que se discute redução de custos e de orçamento das instituições públicas brasileiras de ensino e pesquisa, o tema da palestra (“O SUS no contexto da Saúde Global e o papel da Universidade”) contribuiu para chamar atenção à relevância dos estudos científicos na formulação de políticas públicas capazes de enfrentar os problemas do país.
Nesse sentido, a universidade pública tenta se adaptar às restrições orçamentárias cada vez maiores para seguir cumprindo com sua função social e disponibilizar de forma gratuita e aberta os conhecimentos que produz. Segundo Medronho, “os conhecimentos são insuficientes, porque estão sendo produzidos em países do terceiro mundo, não nos países centrais. E não nos dão recursos adequados para o nosso desenvolvimento. Quando dão recursos, a gente responde de forma esplendorosa”.
Medronho citou como exemplo a descoberta da relação entre a epidemia de Zika e o aumento dos casos de microcefalia em Pernambuco, em 2015. A suspeita, levantada por médicos neuropediatras do SUS (Sistema Único de Saúde) daquele estado, foi confirmada posteriormente pelos esforços de pesquisadores brasileiros, “[…] Imagine se nós tivéssemos o orçamento digno para a universidade e para os institutos de pesquisa. Nós estaríamos muito melhor do que estamos.”, finalizou.