No início da pandemia de Covid-19 no Brasil, a preocupação com os excessos alimentares e comportamentos sedentários foram temáticas frequentes nos memes compartilhados. Nesse cenário, esse meme da boneca Barbie, símbolo de um padrão de beleza informado para crianças e adolescentes, apresenta o contraste sobreabundante, de um lado com músculos, de outro com gordura em tela dividida, exibindo diferentes ganhos de peso corporal “antes versus depois da quarentena”. O resultado de corpo bem definido por meio de atividades físicas versus um corpo com mais dobras, atrelado ao sedentarismo e ao excesso dietético. Segundo Goffman (1986), o estigma é um mecanismo por meio do qual se reconhece, no outro, algum traço negativo ou desviante, construído culturalmente e usado como elemento de classificação de indivíduos. Estigmatizado, o indivíduo estaria reduzido a esse traço pejorativo. Ao reafirmar quais corpos deveriam ser os ideais e almejados como padrão se constroem, também, os ‘fora do padrão’, que motivam o riso. Estariam ambas imagens zombando do padrão, socialmente aceito, branco, norte-americano, ocidental com a musculatura definida? Estaria o corpo gordo expressando gordofobia e insatisfação corporal? Certamente essas são boas questões para pensar… Em nossa análise fica claro que esses são elementos que fazem rir como traços reconhecidos em leituras rápidas que pautam a interação social midiática. Leia mais sobre essa temática no estudo de mestrado ‘Percepções corporais e comensalidade nos memes da pandemia’.

Este meme foi coletado no Instagram e WhatsApp por Lorena Ribeiro (mestrado PPGN/INJC-UFRJ) e enviado para análise do Observatório de Memes em Abril 2022.

 

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